terça-feira, 24 de abril de 2012

Rastejar da alma em companhia

Palavras já não cabiam mais entre os parênteses da vida. O reconhecimento da impotência me emudecera. De mãos atadas , olhei ao céu e avistei a despadronagem sempre habitual dessas que acima nos observam. Era dia de ser entregue a tempestade. Inevitável era revogar as leis que me guiavam perante a vida naquele momento. Sua presença empunhara-se. Tornara o pesar mais brando, o acalentar da culpa supostamente suportável. Ferida em alma, seus olhos rastejaram ao encontro dos meus afim de subjuga-los. A materialização da solidão apacientou a sensação de estar redescoberta pela esfera que ali me encontrava. Dobrei contigo as esquinas do susto, presenciei o cuidado que tinhas com crateras corpóreas absortas. Percebi que protagonista eras tu de tua própria carência. De invocativo "Solidão" e associação companheira, eras falsa tua identidade. Figurante estes que já nasceram apodrecidos de berço ao serem cuidados por ti. Flamejantes eram seus olhos vitrais a me espelhar. Me fizestes muda de amar e desde então, há ouvidos que clamam por vozes.