terça-feira, 8 de janeiro de 2008

estrábico não!


uma noite chegou à minha porta, pele e ossos molhado batido
assustado,
era um gato branco estrábico rabão.
deixei-o entrar alimentei-o foi mais um em casa
deu-me a sua carinhosa confiança,
até que um dia um fulano,
estacionado na minha garagem,
passou com o automóvel por cima do gato estrábico rabão.
levei imediatamente o que dele restava a um veterinário que disse:
"não há muito a fazer... dê-lhe estes comprimidos... tem a espinha
partida, mas já antes foi partida e de algum modo
conseguiu sarar, se sobreviver não voltará a andar, olhe
estas radiografias, deram-lhe um tiro,
veja estes pontos escuros,
são chumbadas enquistadas... além disso já teve cauda
e alguém lhe cortou...(as noites passaram)»
uma tarde fez o seu primeiro movimento
arrastando-se com as patas dianteiras
(as traseiras não queriam mover-se)chegou até ao canto onde lhe tinha preparado a cama
arrastou-se mais um pouco e deixou-se cair nela.
foi como o som de um clarim pressagiando a vitória possível,
ensurdecendo o quarto de banho, espalhando-se pela cidade.
então contei ao gato que também eu tinha passado um mau bocado, não tão mau como o dele,
mas bastante mau...
uma manhã ergueu-se, ficou imóvel sobre as patas e logo caiu de costas, olhava-me mansamente.
"és capaz" disse-lhe.
ele insistiu, levantava-se e tornava a cair, uma vez e outra,
finalmente
deu uns poucos passos, era a viva imagem de um bêbadoas patas recusavam-se a obedecer-lhe, caiu outra vez, descansou
e de novo se ergueu.
conhecem o resto da história: está melhor que nunca.
estrábico, quase sem dentes, mas recuperou a graça e aquele olhar
pícaro nunca o abandonou.
algumas vezes fazem-me entrevistas, querem saber
da minha vida, da minha literatura,
embriago-me, levanto nos braços o meu gato
estrábico, ferido com bala, atropelado duas vezes, rabão
e digo: "olhem, olhem isto!!!"eles não entendem nada, insisto, nada de nada, perguntam
algo como: "reconhece influências de Celine?""não", ergo o meu gato, "por causa do que acontece, coisas
como esta, como esta!!!"
sacudo o meu gato, levo-o
para a luz enevoada de fumo e álcool, está sereno, ele sabe...e nesse momento a entrevista termina.
às vezes sinto-me orgulhoso quando vejo as fotografias,
lá estou eu, lá está o meu gato, fomos
fotografados juntos,
também ele sabe que são ninharias, mas de algum modo ajudam-nos.
(Charles bukowski)

domingo, 6 de janeiro de 2008


Questionando a existência do favor ao próximo,pode se afirmar que tudo é beneficio próprio.Mesmo favorecendo o sucessor,o grande ar de satisfação sempre nos pega em momentos embasbacados,em tempo de se questionar o por quê de um misero favor voluntário.Então favorecendo por aí,reciclando o interior com ares mais que sentidos,sempre pensando que o favorecimento á aquele que necessita sempre nos vem de volta em maior força de gratidão.

sábado, 5 de janeiro de 2008

o que há mesmo sem elas?


o que nos resta para poupar-nos dessa raça humana tão singela e tão necessitada no histórico de cada um?Sempre tende-se a imaginar que os mais providos de contagiante alegria,são os mais infundados e sem cabimento,os mais sem nada para se escrever numa biografia de 10 páginas?O que me tem são páginas amareladas em 1964 narrando uma balada do café triste.Não se dá o prazer de provar um descabimento do alheio.Só restam livros pra me dizer que a realidade insiste em estar emplantada em mim.Em cada 100 anos de solidão alguns querem desafiar com voracidade esses desafios da natureza humana.Não quero estar nessa própria miséria em volta de uma pessoa que não sente nem um fisgar,com minhas tentativas mesmo que poucas,infinitas que andam se esgotando.Não preciso dessa raça humana podre que corrompe todos os pensamentos mais vividos e transformam em corpos desfigurados.Me sinto no maior direito de dizer que não quero isso denovo para mim.Mas seria a mesma coisa que esperar por uma expectativa de que uma criança pare para conversar com você na rua.São duas coisas tão sublimes quanto inexistentes. Não presto para expectativas de uma pessoa super positivista que você é.Muito negativista? Apenas colocando os negativos em seus respectivos lugares.

domingo, 16 de dezembro de 2007


Mas não é que todas as coisas sucumbiram no automático,e foram peças indo pelo ralo?É imprevisivel que isso aconteça,mas o que poderiamos prever seria o que nunca poderiamos enxergar por razão da ilusão transitória entre realidade-razão que nos trazemos em sonhos.Nada além de sonhos.Paro por aí,nada de sonhar antes que a matéria-prima me surpreenda em frente a minha porta. Não que seja comodidade,apenas precaução e poupa-tempo.Não mantenha expectativas de algo que se torna sempre perigoso. Não é pra ninguem entender ou manter expectativas disso tudo. Só quero gozar de enorme felicidade,aquilo que prometemos no Senhoritas certo?Aí chegamos ao fim do ano.
cuidado
eu vou dar tempo desse troço aí de sentir.Sentir nos trás aquelas mesmisses transitórias,que nos permitem imaginar que podemos ter modos para nossos problemas.Só não sentimos que todos os problemas (ustrábicos,claro) são sentidos de uma paralela confusão.Uma confusão tão perpicaz que nos envolve enormemente em variantes-outros-grandes-problemas,drama mais que sentimental,ein?

sábado, 1 de dezembro de 2007

Vi Veri Veniversum Vivus Vici


deixa que te esconda por outros muros
deixe que te esquente por outros
que desprezo tua maior vitoria
deixe que pensem que és tu o que queres ser
deixe que voem bem alto para que cortes suas viajens dizendo que elas não passaram de ilusão sórdida
por que um lado é sofrimento
outro lado é fingimento
que o cadáver em minhas tardes não venha me atormentar mais"Façam a festa,cantem e dancem,que eu faço o poema duro,o poema murro,sujo"
mas este surdo há de surtar para quem?que qualquer sopro meu já denuncia o amor que ainda tenho por você e tão facil ignorar as coisas que não quer ouvir?a janela aberta,convidativa ao dizer que lucidez é quase amor"A vida é pouca a vida é louca mas não há senão ela".E não te mataste, essa é a verdade" já dizia
Agora eu sei o que quero enxergar
Esse colorido não devia mais me enganar
Porque a cor deforma
Quando a luz vem a brilhar
E assim seu olho, começo a decifrar
Dai-me outra cor
Que não seja a do seu olhar
Dai-me outro amor
Que venha pra me perpetuar
Dai-me outra cor
Que não tenha o que eu quero enxergar
Dai-me uma dor que sirva para eu acordar
Dai-me outra cor
Dai-me o amor
Dai-me uma dor
Pelas esquinas que eu andei
Nenhuma delas te encontrar
Mas eu tô sempre por aqui
Quando quiser é só chamar
Andando reto sem destino
Vivendo sempre do passado
Não quero mais me desmentir
Eu não vou mais te procurar
Pelas esquinas que eu andei
Nenhuma delas te encontrar
Mas eu tô sempre por aqui
Quando quiser é só chamar
Andando reto sem destino
Vivendo sempre do passado
Não quero mais me desmentir
Não vou mais te procurar